27/10/2016 19h52 - Atualizado em 27/10/2016 19h52
O fenômeno levou o presidente Barack Obama a baixar um decreto determinando que secretarias e várias agências governamentais tenham um plano para enfrentar o que chama de "evento climático espacial".
Ainda não foi emitido um alerta nem anunciada a iminência de uma grande explosão, mas o governo americano prefere prevenir do que remediar os seus efeitos.
Uma tempestade solar de grande magnitude pode ocorrer em 2020, segundo estudo da Universidade de Denver, publicado na revista científica Space Weather.
O decreto de Obama pede aos órgãos governamentais que criem estratégias a serem adotadas durante quatro meses, antes e depois da ocorrência de um eventual fenômeno climático espacial.
Entenda, a seguir, as implicações do fenômeno.
O que é o 'clima espacial'
Serviços de saúde, transporte e o abastecimento de água podem ser afetados porque tempestades solares são capazes de desativar a rede elétrica aqui na Terra, adverte o decreto presidencial americano.
Ou seja, embora o governo fale em "clima espacial", a verdadeira preocupação é com as consequências terrestres.
A Nasa, a agência espacial dos EUA, explica que o "clima espacial" é determinado por eventos que ocorrem no Sol, como o "vento" que lança no espaço plasma e descargas eletromagnéticas.
O Sol é bem mais do que uma fonte permanente de luz e calor. "O astro banha regularmente a Terra e todo o nosso Sistema Solar com energia na forma de luz, partículas elétricas e campos magnéticos", diz a Nasa.
O Sol tem ciclos de atividade de aproximadamente 11 anos, com períodos mais intensos. As tempestades são causadas pelas manchas solares, regiões onde há uma redução de temperatura e pressão das massas gasosas no astro.
Elas são o mais poderoso fenômeno observado pelos cientistas no nosso Sistema Solar e podem durar de alguns minutos a várias horas.
"Normalmente identificamos uma erupção solar pelos fótons (ou luz) que ela libera", afirma a Nasa.
O perigoso e imperceptível 'vento solar'
Já o "vento solar" é uma rajada de partículas lançadas pelo Sol no espaço a uma velocidade de 3,2 milhões de quilômetros por hora.
Mas como esse "vento" não é frequente e tem densidade baixa, a Nasa destaca que ele é um bilhão de vezes mais fraco que o vento que sentimos aqui na Terra.
Interrupção de telecomunicações
Mesmo assim, as tempestades solares são capazes de interromper sistemas de eletricidade, satélites, internet e todos os meios de telecomunicações, o que inclui sinais de telefone, rádio e TV.
O fenômeno também pode colocar em perigo voos comerciais, que ficam incomunicáveis nas rotas mais próximas dos pólos Norte e Sul, onde se concentra a maior parte das partículas solares.
Da mesma forma, as naves espaciais podem sofrer danos em componentes eletrônicos importantes, nos painéis solares e nos sistemas ópticos como câmeras e sensores estelares.
Aqui na Terra, estamos protegidos pela magnetosfera, mas os astronautas ficam expostos a extremos de radiação em poucos minutos.
O lado belo das tempestades solares
Mas nem tudo é ruim quando se fala de tempestade solar.
Elas também produzem espetáculos de luz e cor, como as auroras boreais, que podem ser observadas em áreas próximas ao Pólo Norte - como Noruega e Finlândia -, e as raras auroras austrais, que ocorrem no sul do planeta.
A Nasa tem registrado vários eventos atribuídos ao "clima espacial".
Transtornos ao longo da história da Terra
O efeito mais poderoso aconteceu há mais de 150 anos, em setembro de 1859, e foi batizado de Carrington Event (Evento Carrington, em inglês), em homenagem ao astrônomo Richard Carrington.
Na época, estações telegráficas pegaram fogo e as redes sofreram grandes interrupções.
Um estudo de 2008 da Academia Nacional de Ciências dos EUA afirma que, se um evento parecido ocorrer hoje, o impacto econômico seria de dois trilhões de dólares, 20 vezes mais do que o prejuízo causado pelo Furacão Katrina.
Outro evento importante foi o colapso da rede elétrica da província canadense de Quebec, em março de 1989.
Consequência de uma tempestade solar, o defeito num transformador provocou um apagão que durou mais de nove horas e prejudicou mais de seis milhões de pessoas.
A tempestade quase causou uma guerra entre EUA e URSS
O fenômeno também causou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, segundo registro do Smithsonian Institute, dos EUA, considerado o maior museu e complexo de pesquisas do mundo.
Em maio de 1967, as comunicações militares dos EUA foram interrompidas, num episódio que chegou a ser interpretado como um "ato malicioso" que exigia resposta militar à altura.
Por sorte, a Força Aérea americana já tinha um programa que monitorava o "clima espacial" e avisou a tempo que a interrupção tinha sido causada, na verdade, por uma tempestade solar.
E o botão vermelho, que podia iniciar a guerra com a Rússia, felizmente não foi acionado.
Tempestades solares, o fenômeno espacial que preocupa o governo Obama
Lançamento de partículas pelo Sol pode atrapalhar telecomunicações terrestres, motivo que levou o presidente americano a determinar a criação de um sistema de defesa.
As tempestades solares liberam grande quantidade de partículas que se espalham pelo Sistema Solar, atingindo até planetas mais distantes, como Plutão (Foto: BBC/Nasa)
A mais nova "ameaça" aos EUA vem do espaço: as tempestades solares.O fenômeno levou o presidente Barack Obama a baixar um decreto determinando que secretarias e várias agências governamentais tenham um plano para enfrentar o que chama de "evento climático espacial".
Ainda não foi emitido um alerta nem anunciada a iminência de uma grande explosão, mas o governo americano prefere prevenir do que remediar os seus efeitos.
Uma tempestade solar de grande magnitude pode ocorrer em 2020, segundo estudo da Universidade de Denver, publicado na revista científica Space Weather.
O decreto de Obama pede aos órgãos governamentais que criem estratégias a serem adotadas durante quatro meses, antes e depois da ocorrência de um eventual fenômeno climático espacial.
Entenda, a seguir, as implicações do fenômeno.
O que é o 'clima espacial'
Serviços de saúde, transporte e o abastecimento de água podem ser afetados porque tempestades solares são capazes de desativar a rede elétrica aqui na Terra, adverte o decreto presidencial americano.
Ou seja, embora o governo fale em "clima espacial", a verdadeira preocupação é com as consequências terrestres.
A Nasa, a agência espacial dos EUA, explica que o "clima espacial" é determinado por eventos que ocorrem no Sol, como o "vento" que lança no espaço plasma e descargas eletromagnéticas.
O Sol é bem mais do que uma fonte permanente de luz e calor. "O astro banha regularmente a Terra e todo o nosso Sistema Solar com energia na forma de luz, partículas elétricas e campos magnéticos", diz a Nasa.
A liberação de energia está associada às manchas solares, onde ocorrem eventos de grande intensidade (Foto: BBC/Nasa)
Ciclos de atividade solarO Sol tem ciclos de atividade de aproximadamente 11 anos, com períodos mais intensos. As tempestades são causadas pelas manchas solares, regiões onde há uma redução de temperatura e pressão das massas gasosas no astro.
Elas são o mais poderoso fenômeno observado pelos cientistas no nosso Sistema Solar e podem durar de alguns minutos a várias horas.
"Normalmente identificamos uma erupção solar pelos fótons (ou luz) que ela libera", afirma a Nasa.
O perigoso e imperceptível 'vento solar'
Já o "vento solar" é uma rajada de partículas lançadas pelo Sol no espaço a uma velocidade de 3,2 milhões de quilômetros por hora.
Mas como esse "vento" não é frequente e tem densidade baixa, a Nasa destaca que ele é um bilhão de vezes mais fraco que o vento que sentimos aqui na Terra.
A magnetosfera, o campo magnético da Terra, impede que as partículas solares cheguem à superfície do planeta (Foto: BBC/Nasa)
As partículas liberadas pelo Sol em direção à Terra não atingem a superfície do nosso planeta graças a um escudo magnético - a magnetosfera.Interrupção de telecomunicações
Mesmo assim, as tempestades solares são capazes de interromper sistemas de eletricidade, satélites, internet e todos os meios de telecomunicações, o que inclui sinais de telefone, rádio e TV.
O fenômeno também pode colocar em perigo voos comerciais, que ficam incomunicáveis nas rotas mais próximas dos pólos Norte e Sul, onde se concentra a maior parte das partículas solares.
Da mesma forma, as naves espaciais podem sofrer danos em componentes eletrônicos importantes, nos painéis solares e nos sistemas ópticos como câmeras e sensores estelares.
Aqui na Terra, estamos protegidos pela magnetosfera, mas os astronautas ficam expostos a extremos de radiação em poucos minutos.
O lado belo das tempestades solares
Mas nem tudo é ruim quando se fala de tempestade solar.
Elas também produzem espetáculos de luz e cor, como as auroras boreais, que podem ser observadas em áreas próximas ao Pólo Norte - como Noruega e Finlândia -, e as raras auroras austrais, que ocorrem no sul do planeta.
A Nasa tem registrado vários eventos atribuídos ao "clima espacial".
Transtornos ao longo da história da Terra
O efeito mais poderoso aconteceu há mais de 150 anos, em setembro de 1859, e foi batizado de Carrington Event (Evento Carrington, em inglês), em homenagem ao astrônomo Richard Carrington.
Na época, estações telegráficas pegaram fogo e as redes sofreram grandes interrupções.
Um estudo de 2008 da Academia Nacional de Ciências dos EUA afirma que, se um evento parecido ocorrer hoje, o impacto econômico seria de dois trilhões de dólares, 20 vezes mais do que o prejuízo causado pelo Furacão Katrina.
Outro evento importante foi o colapso da rede elétrica da província canadense de Quebec, em março de 1989.
Consequência de uma tempestade solar, o defeito num transformador provocou um apagão que durou mais de nove horas e prejudicou mais de seis milhões de pessoas.
A tempestade quase causou uma guerra entre EUA e URSS
O fenômeno também causou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, segundo registro do Smithsonian Institute, dos EUA, considerado o maior museu e complexo de pesquisas do mundo.
Em maio de 1967, as comunicações militares dos EUA foram interrompidas, num episódio que chegou a ser interpretado como um "ato malicioso" que exigia resposta militar à altura.
Por sorte, a Força Aérea americana já tinha um programa que monitorava o "clima espacial" e avisou a tempo que a interrupção tinha sido causada, na verdade, por uma tempestade solar.
E o botão vermelho, que podia iniciar a guerra com a Rússia, felizmente não foi acionado.
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