AERÓGRAFO, ESSE INCOMPREENDIDO
De princípio tão antigo quanto as pinturas rupestres, o aerógrafo é a mais incompreendida de todas as ferramentas de pintura, pois apesar dos inúmeros recursos que oferece, permanece relegado a um segundo plano nos ateliers e estúdios. Por incrível que pareça, há mais confeiteiros, tatuadores e pintores de veículos utilizando o aerógrafo do que ilustradores.
Talvez o elevado custo e a lenta curva de aprendizado justifiquem o pouco interesse que desperta entre ilustradores brasileiros. Ainda mais recentemente, a chegada de softwares de autoria como o Photoshop, com a facilidade do ctrl-c praticamente extinguiu seu uso no país.
Estou convencido que, por natureza, o aerógrafo não se adapta bem ao processo critativo do brasileiro por impor à espontaneidade, a rígida disciplina do planejamento.
O primeiro aerógrafo foi patenteado em 1893 por Charles Burdick, um aquarelista inglês. Até meados do século XX, seu uso praticamente reduzia-se ao retoque de fotografias, para acentuar a definição e contraste – em geral, para corrigir luzes e sombras difíceis de reproduzir fielmente com as câmeras da época.
Nos anos 30, com a popularização do off-set, as primeiras aerografias ganhavam as ruas estampadas em cartazes publicitários, capas e anúncios em revistas; revelando ilustradores pioneiros como Bayer, Masseau, McNIght Kauffer, Cassandre, Brodovitch e Petty, entre outros.
Nos anos 40, com a virada estética por um maior realismo, a aerografia ganha rápida popularidade, talvez por trazer uma ilusão de profundidade e harmonia a um mundo estruturalmente abalado por uma guerra sanguinária e disseminada.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, decresce a popularidade do aerógrafo: os olhares voltam-se para formas simétricas e cores chapadas, quase minimalistas. Os artistas voltam basicamente ao trabalho de retoque de onde só vão voltar a sair em meados dos anos 60, com o advento do POP e seu impacto revolucionário nas artes e na sociedade. A década revela gigantes como Michael English, Willardson, Charles White III, Philip Castle e Pater Sato.
Mas é mais um modismo, e logo o aerógrafo volta a ocupar um lugar secundário no cenário das artes, sendo visto mais como uma ferramenta de uso “técnico”, do que “criativo”.
Trabalhar com aerografia é um processo não tão lento quanto laborioso: as superfícies e tintas necessitam cuidado na preparação, e o próprio manejo do aparelho representa um desafio à parte. Não bastasse isso, a obra em si precisa ser previamente planejada nos mínimos detalhes.
Manejo do Aerógrafo
Deve-se empregar o aerógrafo num ângulo de 45 a 80 graus do papel. Com a prática, você encontrará a posição mais confortável e aprenderá a fazer uso das diferentes inclinações para obter efeitos variados.
O botão de controle, que dosa as saídas de ar e tinta deve ser manejado com o dedo indicador, e tem dois movimentos:
Para baixo – controla a saída de ar. Quanto mais pressionado, maior a abertura.
Para trás – controla a quantidade de tinta. Quanto mais para trás, maior o jato.
A maioria dos aerógrafos é dotada de um anel interno que permite regular o fluxo de pintura no nivel desejado.
Antes de acoplar o depósito de tinta, deve-se acionar o compressor e soprar um pouco de ar pelo bocal para comprovar que está limpo e desobstruído.
Após esse procedimento, encaixe o depósito para começar a pintar. Nunca começe a pintar direto no seu original: tenha à mão uma folha qualquer, e inicie sempre o jato sobre ela, aproveitando para dosar o ar e a tinta até obter o jato desejado. Só então desloque suavemente o jato para o ponto onde deseja começar a pintura em seu original.
Cuidados no Uso do Aerógrafo
Além da preparação e planejamento prévio da obra a ser executada, trabalhar com aerografia requer alguns cuidados básicos:
Tintas – aquarelas líquidas são especialmente indicadas para se trabalhar transparências e veladuras com o aerógrafo. Gouaches também podem ser empregadas, mas é preciso diluí-las com cuidado para evitar tanto entupimentos resultantes de misturas muito espessas como cuspidas, resultantes de misturas excessivamente aquosas.
Papel – papéis muito porosos, como os empregados em aquarela não são dos mais recomendáveis para trabalhos de precisão ou que requeiram o uso de máscaras por serem mais propensos a borrões e infiltrações.
Máscaras – embora o uso de recortes em papel vegetal seja bastante comum, é preciso estar atento à inclinação do jato de ar para evitar vazamentos indesejáveis. Prefira máscaras adesivas para grandes superfícies (você pode recortar as áreas que deseja vazar usando um estilete), e líquidas a base de látex para a cobertura de pequenos detalhes (máscaras líquidas são aplicadas com pincel).
Umidade – pouco referida nos livros técnicos, a umidade do ar é uma grande inimiga do aerografista: gotículas de água vão se acumulando ao longo do cano do compressor, e imprevisivelmente saem na forma de desagradáveis (e irreparáveis) “cuspidas” na superfície que você está trabalhando. Procure sempre trabalhar em ambientes com baixa umidade.
Inalação – procure usar uma máscara protetora para evitar a inalação dos vapores, que se concentram no nariz podendo chegar aos pulmões.
Limpeza – mantenha seu equipamento sempre limpo: ao final de cada dia ou trabalho, após a limpeza do recipiente de tinta, encha-o com 10ml de água, e acione o aerógrafo contra um pano até que o jato saia limpo. Cubra sempre a mesa de trabalho, as paredes próximas e o chão com jornal ou papel pardo.
De princípio tão antigo quanto as pinturas rupestres, o aerógrafo é a mais incompreendida de todas as ferramentas de pintura, pois apesar dos inúmeros recursos que oferece, permanece relegado a um segundo plano nos ateliers e estúdios. Por incrível que pareça, há mais confeiteiros, tatuadores e pintores de veículos utilizando o aerógrafo do que ilustradores.
Talvez o elevado custo e a lenta curva de aprendizado justifiquem o pouco interesse que desperta entre ilustradores brasileiros. Ainda mais recentemente, a chegada de softwares de autoria como o Photoshop, com a facilidade do ctrl-c praticamente extinguiu seu uso no país.
Estou convencido que, por natureza, o aerógrafo não se adapta bem ao processo critativo do brasileiro por impor à espontaneidade, a rígida disciplina do planejamento.
O primeiro aerógrafo foi patenteado em 1893 por Charles Burdick, um aquarelista inglês. Até meados do século XX, seu uso praticamente reduzia-se ao retoque de fotografias, para acentuar a definição e contraste – em geral, para corrigir luzes e sombras difíceis de reproduzir fielmente com as câmeras da época.
Nos anos 30, com a popularização do off-set, as primeiras aerografias ganhavam as ruas estampadas em cartazes publicitários, capas e anúncios em revistas; revelando ilustradores pioneiros como Bayer, Masseau, McNIght Kauffer, Cassandre, Brodovitch e Petty, entre outros.
Nos anos 40, com a virada estética por um maior realismo, a aerografia ganha rápida popularidade, talvez por trazer uma ilusão de profundidade e harmonia a um mundo estruturalmente abalado por uma guerra sanguinária e disseminada.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, decresce a popularidade do aerógrafo: os olhares voltam-se para formas simétricas e cores chapadas, quase minimalistas. Os artistas voltam basicamente ao trabalho de retoque de onde só vão voltar a sair em meados dos anos 60, com o advento do POP e seu impacto revolucionário nas artes e na sociedade. A década revela gigantes como Michael English, Willardson, Charles White III, Philip Castle e Pater Sato.
Mas é mais um modismo, e logo o aerógrafo volta a ocupar um lugar secundário no cenário das artes, sendo visto mais como uma ferramenta de uso “técnico”, do que “criativo”.
Trabalhar com aerografia é um processo não tão lento quanto laborioso: as superfícies e tintas necessitam cuidado na preparação, e o próprio manejo do aparelho representa um desafio à parte. Não bastasse isso, a obra em si precisa ser previamente planejada nos mínimos detalhes.
Manejo do Aerógrafo
Deve-se empregar o aerógrafo num ângulo de 45 a 80 graus do papel. Com a prática, você encontrará a posição mais confortável e aprenderá a fazer uso das diferentes inclinações para obter efeitos variados.
O botão de controle, que dosa as saídas de ar e tinta deve ser manejado com o dedo indicador, e tem dois movimentos:
Para baixo – controla a saída de ar. Quanto mais pressionado, maior a abertura.
Para trás – controla a quantidade de tinta. Quanto mais para trás, maior o jato.
A maioria dos aerógrafos é dotada de um anel interno que permite regular o fluxo de pintura no nivel desejado.
Antes de acoplar o depósito de tinta, deve-se acionar o compressor e soprar um pouco de ar pelo bocal para comprovar que está limpo e desobstruído.
Após esse procedimento, encaixe o depósito para começar a pintar. Nunca começe a pintar direto no seu original: tenha à mão uma folha qualquer, e inicie sempre o jato sobre ela, aproveitando para dosar o ar e a tinta até obter o jato desejado. Só então desloque suavemente o jato para o ponto onde deseja começar a pintura em seu original.
Cuidados no Uso do Aerógrafo
Além da preparação e planejamento prévio da obra a ser executada, trabalhar com aerografia requer alguns cuidados básicos:
Tintas – aquarelas líquidas são especialmente indicadas para se trabalhar transparências e veladuras com o aerógrafo. Gouaches também podem ser empregadas, mas é preciso diluí-las com cuidado para evitar tanto entupimentos resultantes de misturas muito espessas como cuspidas, resultantes de misturas excessivamente aquosas.
Papel – papéis muito porosos, como os empregados em aquarela não são dos mais recomendáveis para trabalhos de precisão ou que requeiram o uso de máscaras por serem mais propensos a borrões e infiltrações.
Máscaras – embora o uso de recortes em papel vegetal seja bastante comum, é preciso estar atento à inclinação do jato de ar para evitar vazamentos indesejáveis. Prefira máscaras adesivas para grandes superfícies (você pode recortar as áreas que deseja vazar usando um estilete), e líquidas a base de látex para a cobertura de pequenos detalhes (máscaras líquidas são aplicadas com pincel).
Umidade – pouco referida nos livros técnicos, a umidade do ar é uma grande inimiga do aerografista: gotículas de água vão se acumulando ao longo do cano do compressor, e imprevisivelmente saem na forma de desagradáveis (e irreparáveis) “cuspidas” na superfície que você está trabalhando. Procure sempre trabalhar em ambientes com baixa umidade.
Inalação – procure usar uma máscara protetora para evitar a inalação dos vapores, que se concentram no nariz podendo chegar aos pulmões.
Limpeza – mantenha seu equipamento sempre limpo: ao final de cada dia ou trabalho, após a limpeza do recipiente de tinta, encha-o com 10ml de água, e acione o aerógrafo contra um pano até que o jato saia limpo. Cubra sempre a mesa de trabalho, as paredes próximas e o chão com jornal ou papel pardo.