Morte e Vida Severina foi um teleteatro musical produzido pela TV Globo em 1981: vale apena ver de novo
Morte e Vida Severina foi um teleteatro musical produzido pela TV Globo em 1981, dirigido por Walter Avancini, com versos de João Cabral de Melo Neto (de seu auto homônimo) e música de Chico Buarque.
O musical aproveita parte do elenco do filme de 1977, de Zelito Vianna.
Elenco José Dumont.... Severino Elba Ramalho.... rezadeira Tânia Alves.... camponesa que canta no funeral Sebastião Vasconcelos.... mestre Carpina Cacilda Lanuza.... cigana Marta Overbeck.... cigana Glaucia Oliveira José Santa Cruz Agnaldo Batista
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_e_...
Elenco José Dumont.... Severino Elba Ramalho.... rezadeira Tânia Alves.... camponesa que canta no funeral Sebastião Vasconcelos.... mestre Carpina Cacilda Lanuza.... cigana Marta Overbeck.... cigana Glaucia Oliveira José Santa Cruz Agnaldo Batista
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_e_...
Música
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PUBLICIDADERESUMO
Na abertura da peça, o retirante Severino se apresenta à plateia e se dispõe a narrar sua trajetória. Sai do sertão nordestino em direção ao litoral, em busca da vida que escasseava em sua terra. Ao longo do caminho, mantém uma série de encontros com tipos nordestinos. Logo de saída encontra os irmãos das almas, lavradores encarregados de conduzir a um cemitério distante o corpo de um colega, assassinado a mando de latifundiários. Aos poucos, assiste à seca do rio Capiberibe, que Severino segue em sua viagem ao litoral. Passa por um lugarejo e ouve uma cantoria vinda de uma casa. Trata-se do canto de excelências, isto é, fúnebre, em honra a outro Severino morto.Com a morte definitiva do rio, Severino pensa em desistir de sua viagem, mas acaba por optar pelo prosseguimento. Assim, planeja instalar-se naquele mesmo lugar. Conversando com uma moradora, percebe que nenhuma das atividades que poderia desempenhar – agricultura e pecuária – encontraria espaço ali, mas apenas aquelas ligadas à morte, como rezadeira e coveiro.Severino continua sua jornada e passa pela Zona da Mata, região de relativa prosperidade no interior do sertão. Encanta-se com a natureza verdejante do lugar, mas percebe ainda a presença da morte ao testemunhar o funeral de um lavrador que se realiza no cemitério local. Abandona o pensamento inicial de encerrar ali a busca que mantinha pela vida e continua sua viagem.Por fim, chega ao Recife, onde resolve descansar ao pé de um muro. Trata-se de um cemitério, e Severino escuta então o diálogo entre dois coveiros. Os trabalhadores conversam sobre o trabalho que lhes dão os retirantes que saem de suas casas sertanejas para morrer ali, fazendo-o ademais no seco e não no rio – o que lhes daria menos serviço e mais sossego. Diante desse novo encontro com a morte, Severino resolve entregar-se a ela e se matar, atirando-se em um dos rios que cortam a cidade.Ao se aproximar do rio, inicia um diálogo com José, mestre carpina (carpinteiro), morador ribeirinho. Pergunta-lhe se aquele ponto do rio era propício ao suicídio. O mestre responde positivamente, mas tenta convencer o retirante a não se atirar. Severino pede então que lhe dê uma única razão para não fazê-lo.A resposta do mestre é interrompida pelo anúncio do nascimento de seu filho. José o celebra com vizinhos e conhecidos, recebe os presentes pobres que lhe trazem, ouve as previsões pessimistas de duas ciganas a respeito do futuro da criança e, por fim, recordando-se da pergunta de Severino, dispõe-se a respondê-la. Afirma então que ele, José, não tem a resposta para a questão de saber se a vida vale ou não a pena, mas que o nascimento de seu filho funciona como resposta, representando a reafirmação da vida diante da morte.CONTEXTO
Sobre o autor
João Cabral é o maior poeta da terceira fase modernista. Mais do que isso: forma, ao lado de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira o trio de poetas mais importantes da nossa história. É o poeta da pesquisa formal, da exatidão, da linguagem enxuta cuja matriz está, reconhecidamente, em Graciliano Ramos.Importância do livro
Em Morte e Vida Severina, sem abrir mão do rigor imagético e da síntese expressiva, João Cabral alcança uma comunicabilidade maior, talvez em função do fato de ter sido desafiado a escrever uma peça de teatro – destinada, portanto, a um público mais amplo do que aquele que sua poesia poderia alcançar. A abordagem do drama da seca é feita de tal forma a dialogar com o romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, do qual funciona quase como continuação.Período histórico
Os anos 1950 se caracterizam na história brasileira pelo desenvolvimentismo do governo de Juscelino Kubitscheck. Trata-se de um período de grande entusiasmo cultural e intelectual, que atinge o campo da literatura em autores como Guimarães Rosa e Clarice Lispector, além do próprio João Cabral.ANÁLISE
João Cabral classificou sua peça de auto de natal pernambucano, levando em conta tanto a forma popular dos versos curtos, comuns nos autos medievais, quanto a circunstância de tratar de um nascimento (natal) e de ambientar-se no sertãopernambucano. O título promove uma proposital inversão entre vida e morte, colocando esta em primeiro lugar. Essa troca da ordem natural indica os encontros com a morte e a vitória da vida, no final.LEMBRETE
- Morte e Vida Severina é uma peça de teatro em versos. O autor resgata uma forma popular – os versos curtos – para tratar de um assunto que atingia particularmente o povo nordestino: a seca.
Além disso, o nome próprio Severina é usado como adjetivo no título, sugerindo uma ampliação de sentido que é confirmada logo nas primeiras palavras do retirante, que, ao tentar se apresentar, evidencia que sua situação particular é, na verdade, uma metonímia do que ocorre com outros sertanejos, igualmente vítimas da seca.Em seu caminho em direção ao litoral, Severino alterna diálogos e monólogos. Os primeiros representam os encontros sucessivos com figuras simbólicas da morte – irmãos de almas, carpideiras, rezadeiras, funeral –, inseridas no fundo social da peça, que é a disputa pela terra. Já os monólogos mostram as reflexões do retirante, que tenta redefinir seus rumos depois de cada diálogo.Os pontos culminantes da trajetória fatalista do retirante são a morte do rio cujo percurso ele acompanha até o litoral – representação de um meio que se rende à morte como o morador instalado nele – e o paradoxo do contato com ofícios que demonstram vitalidade justamente porque associados à morte – rezadeira, coveiro, farmacêutico etc.A chegada à cidade é a desilusão final do retirante. O diálogo travado entre os coveiros funciona como sua sentença de rendição à morte, ato máximo de seu desespero. Por outro lado, o nascimento de uma criança instala a contradição entre a opção de saltar fora da vida, desistindo dela e a alternativa de agarrar-se à existência e resistir à morte opressora. Nesse sentido, a simbologia da criança – para além de figurar o nascimento de Cristo, em sua condição de filho de carpinteiro – abarca a ideia da purificação, da limpeza de toda a podridão associada à morte.A peça não resolve a contradição, já que sua última fala é a do carpina propondo a vida a Severino, sem que se saiba a opção feita por este. No entanto, o título da peça, que propõe o encontro final com a vida, parece sugerir a vitória da resistência e da insistência na esperança.Fernando Marcílio
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